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Entre as árvores exuberantes e os sons da Mata Atlântica, a Cabana Jaguatirica surge como um refúgio único em Ubatuba, harmonizando-se com o ambiente ao ponto de parecer uma extensão natural da floresta tropical. Seu sistema construtivo em aço, essencial para a leveza estrutural, permite que a cabana paire suavemente sobre o terreno, quase flutuando, sem interferir no relevo. A obra arquitetônica se dissolve na paisagem, fundindo-se com a natureza ao mesmo tempo em que demonstra a versatilidade da construção industrializada em aço para criar um abrigo funcional e integrado.

“É como se a cabana respirasse junto com a mata”, avalia Thiago Brunini, do escritório Pitta Arquitetura, responsável pelo desenho. O abrigo reflete a busca por um equilíbrio perfeito entre sustentabilidade e experiência sensorial. “Queríamos que os ocupantes sentissem que estavam imersos na natureza, não apenas abrigados pela cabana”, afirma o arquiteto.

Para isso, a escolha de materiais como o aço e a madeira local foi essencial para estabelecer uma integração harmoniosa entre o interior e o exterior. “Essa ligação direta com a paisagem, reforçada pelo layout aberto dos espaços internos, proporciona uma experiência de imersão completa”.

Com aproximadamente 65m², a Cabana Jaguatirica se destaca por sua leveza – tanto estética quanto estrutural. A escolha pelo sistema metálico garantiu uma série de benefícios, que vão desde a eficiência construtiva até a integração estética, passando por vantagens como modularidade, reciclabilidade, menor impacto ao ecossistema, resistência e agilidade. 

“A estrutura metálica foi crucial para uma construção rápida, seca e com mínimo desperdício de materiais”, comenta Thiago Brunini. “Além disso, a utilização do aço permitiu reduzir a necessidade de fundações profundas, preservando a vegetação e minimizando - uma intervenção sutil e respeitosa com o ambiente natural”.

O sistema estrutural ofereceu uma flexibilidade excepcional, permitindo a criação de grandes vãos e amplas aberturas, sem a necessidade de múltiplos pontos de apoio.

A sensação de leveza e continuidade também é evidente no layout interno, onde não há divisórias entre cozinha, sala e quarto, promovendo uma circulação de ar constante e uma integração completa com o entorno verde. “A ideia era eliminar qualquer barreira que pudesse interromper a experiência plena do espaço”, explica o arquiteto.

Thiago Brunini acrescenta: “A fachada principal conta com um beiral de 2,5 metros que protege do sol, permitindo a entrada suave da luz natural. Grandes portas de correr mantêm o ambiente arejado e integram a mata ao interior, trazendo a natureza para dentro da cabana e intensificando a conexão com o entorno.”

Além de seu valor estético e funcional, a Cabana Jaguatirica se posiciona como um exemplo de sustentabilidade que impacta positivamente o desenvolvimento de projetos ecológicos. Ao adotar técnicas de construção de baixo impacto, o projeto do escritório Pitta Arquitetos contribui para a preservação da Mata Atlântica, uma das florestas mais ameaçadas do mundo.

Esse modelo construtivo tem o potencial de inspirar arquitetos e profissionais a adotarem práticas similares, promovendo uma abordagem mais sustentável. O projeto também fortalece o turismo ecológico em Ubatuba, atraindo visitantes que buscam experiências imersivas na natureza sem prejudicar o meio ambiente.

“A pequena obra nos ensina a valorizar a integração entre a arquitetura e a natureza, provando que é possível criar espaços funcionais e visualmente impactantes sem prejudicar o meio ambiente”, sentencia o arquiteto. “O projeto nos convida a repensar como habitamos o planeta, mostrando que a construção sustentável vai além dos materiais: trata-se de criar uma conexão verdadeira com o entorno natural”.

Ao dissipar as barreiras entre o interior e o exterior, essa construção provoca mesmo uma reflexão sobre como deveria ser a relação com a natureza — uma convivência que pode ser leve, respeitosa e profundamente imersiva.

Leia na íntegra - Revista Arquitetura & Aço ed. 69