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 O universo da arquitetura é marcado por inúmeras facetas e dimensões, mas um dos seus atributos mais notáveis é o poder de transformar espaços e criar experiências imersivas. Em pleno coração de São Paulo, próximo à pulsante Avenida Paulista, surge o restaurante Olga Ri, um manifesto físico dessa capacidade transformadora do design arquitetônico.

Este retrofit, realizado pelo escritório Nitsche Arquitetos, que costuma trabalhar com soluções industrializadas em aço, é muito interessante. “Uma das principais metas do escritório é trabalhar em parceria com a indústria”, confirma a arquiteta Lua Nitsche, responsável pelo projeto. “Para nós, o bom desenho é aquele que consegue atingir eficiência e economia de forma poética”.

Segundo a arquiteta, a principal decisão nesta obra foi ter aproveitado ao máximo o imóvel existente. “É importante valorizar o que já está construído, trazendo uma abordagem consciente ao design moderno. Utilizar as estruturas existentes, minimizar o desperdício de recursos e reduzir o impacto ambiental”, avalia Lua Nitsche.

As paredes de tijolo descascado, a estrutura de madeira, que sustenta o pavimento superior, e a treliça em aço, que permitiu uma fachada toda envidraçada e transparente, são testemunhos da história, convidando os visitantes do restaurante a mergulhar em uma narrativa que transcende o agora. Cada elemento, embora aparentemente simples, é carregado de memórias e histórias, criando um ambiente onde o passado e o presente coexistem harmoniosamente.

“A treliça metálica estava ‘escondida’ por um painel metálico marrom”, conta a arquiteta do escritório Nietsche. “Assim que retiramos os painéis, achamos interessante que sua geometria, seu desenho, ficasse exposto na fachada. A treliça é uma solução bastante leve e elegante, qualidades que também destacam os ideais de marca”.

A utilização da treliça na fachada dialoga com as tendências contemporâneas de arquitetura e a busca por espaços mais abertos e integrados. Seu aproveitamento permitiu um grande ‘pano’ de vidro de 12 m por 6,5 m. Assim, a fachada do restaurante ficou muito transparente, sem pilares, e sem montantes intermediários, conectando bem o espaço interno com a rua. “Aqui no escritório acreditamos muito nessa interação entre espaço público e privado”, ressalta Lua Nitsche. “Ver a rua é um desejo de quem sai para almoçar”.

As vigas em aço, elementos construtivos que também já faziam parte do imóvel, têm um papel fundamental na redistribuição de cargas e na definição do espaço. Elas realçam a capacidade do aço de proporcionar solidez e estabilidade para a construção, reforçando o diálogo entre a memória do edifício e as exigências contemporâneas do design arquitetônico.

A escolha das telhas metálicas tipo sanduíche para a cobertura do restaurante Olga Ri não foi por acaso. Reconhecidas no mundo da arquitetura pela sua dupla camada com isolamento no meio, oferecem solução estética e funcional para ambientes que buscam o equilíbrio entre design e conforto. Sua leveza e resistência são apenas o começo da lista de vantagens.

Ao integrar características termoacústicas, as telhas sanduíche garantem controle superior sobre a temperatura e os níveis de ruído no interior do espaço. Mesmo em dias de verão intenso ou sob a agitação do trânsito e da vida urbana, o edifício comercial pode proporcionar um refúgio tranquilo e aconchegante para seus frequentadores. A arquiteta Lua Nitsche destaca: “Utilizamos em muitos projetos esse tipo de telha metálica”.

Ao entrar no Olga Ri, é quase como se passássemos por um portal para outra dimensão. O aroma dos ingredientes gastronômicos se mistura ao ousado design do espaço, criando uma atmosfera única. O balcão em aço inox resplandecente, com sua superfície lisa e fria, contrastando com a textura rugosa das paredes de tijolos. Ele simboliza a fusão entre o industrial e o orgânico.

“O aço inox é um material atemporal, o mais indicado para garantir a higiene total dos produtos do restaurante, que tem a proposta de inovadora de vender saladas extremamente frescas e saborosas”, afirma a arquiteta. “Além disso, o balcão em inox transmite sempre a imagem de tecnologia e limpeza”.

O laranja vibrante da escada, por sua vez, não é apenas um toque estético; é um convite. Atraídos pela cor ousada, os visitantes são instigados a explorar o espaço verticalmente e a descobrir o que se esconde no andar superior, adicionando uma dimensão extra à experiência imersiva. “Antes da reforma, ela era de alvenaria e ficava em “L” em um canto do estabelecimento”, lembra Lua Nitsche. “Mas, como colocamos grande parte das mesas no piso superior, precisávamos destaca-la. O objetivo era incentivar os clientes a subir. O laranja é uma das principais cores na paleta de branding do Olga Ri”.

O pátio externo é uma verdadeira experiência sensorial. Em meio ao ritmo frenético da região super agitada da capital paulista, com seus prédios imponentes e tráfego contínuo, este pequeno santuário verde surge quase como uma miragem. O projeto arquitetônico pensado para este espaço promove uma conexão direta com a natureza.

O som das folhas se movendo ao vento, o aroma das plantas e o frescor da sombra contrastam com o calor da paisagem urbana circundante. É um convite para uma pausa, um momento de respiro, um lugar para se reconectar consigo mesmo e com os outros. A cidade, com todo o seu caos, fica do lado de fora, permitindo aos clientes mergulhar em um ambiente de calmaria e refresco.

O desafio de criar um ambiente flexível, que pode ser ao mesmo tempo adaptável, casual e proporcionasse uma experiência de refeição tranquila foi concluído com sucesso pela equipe do escritório Nitsche Arquitetos. “Estamos sempre em busca de responder espacialmente as demandas do cliente de forma a tornar os espaços convidativos para vivência”, finaliza Lua Nitsche.

FICHA TÉCNICA

Restaurante Olga Ri

> Projeto Arquitetônico/Arquiteto Responsável: Nitsche Arquitetos/ Lua Nitsche e Vanessa Izidorio

> Execução da Obra: LAR engenharia > Empresa Responsável pelo Projeto da Estrutura em Aço: Fortiori SP

> Área Construída: 330 m²

> Volume de Aço Empregado: 1,4 toneladas

> Conclusão da Obra: 2023

> Local: São Paulo, SP

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